27 de Abril de 2024

Estudo revela que quatro barragens na região de Brumadinho têm alto risco de rompimento

Vale disse que estruturas estão estáveis e são acompanhadas permanentemente

Domingo, 04 de Fevereiro de 2024 - 08:15 | Redação

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Estudo revela que quatro barragens na região de Brumadinho têm alto risco de rompimento
A barragem da Vale em Brumadinho antes de entrar em colapso total (Arquivo)

Um estudo revela que quatro das seis barragens da região de Brumadinho, em Minas Gerais, têm alto risco de rompimento. Quem mora nas áreas ameaçadas teme que a tragédia que deixou 270 mortos se repita. As quatro barragens que correm risco são da Vale. Em nota, a empresa disse que as estruturas estão estáveis e são acompanhadas permanentemente por três centros de monitoramento geotécnico.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Unesp, em parceria com instituições de Minas Gerais e de Portugal, que identificou que quatro barragens da Vale em Brumadinho ainda estão em zonas de alto risco.

Publicado na Science of the Total Environment, o artigo foi feito dentro do termo de compromisso firmado pela própria mineradora e pelo Ministério Público de Minas Gerais, após a tragédia de 2019.  

A preocupação com a segurança das barragens em Brumadinho ganhou destaque após o colapso de uma delas, que resultou em perdas humanas, com 270 mortes, e desastres ambientais severos. 

O estudo dividiu a bacia do Ferro-Carvão, em 36 Unidades de Resposta Hidrológica (HRUs). Destas, quatro HRUs foram identificadas como de alto risco geomorfológico, o que implica uma maior probabilidade de instabilidade e potencial para eventos de colapso de barragens nessas áreas.

Para chegar ao número de barragens ainda em risco, os pesquisadores utilizaram um modelo de avaliação de risco geomorfológico avançado. Esse modelo envolveu o mapeamento detalhado da área em torno das barragens de Brumadinho, incluindo análises de características do terreno, como inclinação, composição do solo e histórico de eventos geológicos. Além disso, foram considerados fatores como padrões de chuva e histórico de deslizamentos de terra na região. 

O estudo utilizou um sistema de pontuação detalhado para avaliar o risco geomorfológico das barragens. Cada parâmetro geomorfológico foi avaliado e categorizado em uma escala de 1 a 5, onde valores mais altos indicam maior vulnerabilidade geomorfológica. 

Esses valores foram somados para cada HRU, resultando em um valor global de vulnerabilidade. Com base nesta pontuação global, as HRUs foram classificadas em categorias de risco: baixo (5–10), moderado (10–15), alto (15–20) e muito alto (20–25).

Quando se criam barragens, de acordo com especialistas, o mais normal é que a mineradora leve em conta apenas a resistência da rocha, deixando alguns fatores de lado. 

Já na classificação de riscos de barragens no Brasil, a responsabilidade recai sobre a Agência Nacional de Mineração (ANM). 

Atualmente, a ANM registra 64 barragens com alto risco no país. Entretanto, as metodologias empregadas pela ANM diferem daquelas adotadas pelos autores do estudo recente, o que pode levar a variações na classificação de risco. 

Algumas barragens que os pesquisadores consideram de alto risco são classificadas como de baixo risco pela ANM, incluindo a barragem BVII. Esta, de acordo com o estudo, apresenta um risco ainda maior do que a barragem B1.

 

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