18 de Maio de 2024

Conflitos no campo tiveram aumento de 10% em 2022, aponta relatório

Segunda-feira, 17 de Abril de 2023 - 12:00 | Redação

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Conflitos no campo tiveram aumento de 10% em 2022, aponta relatório

Um relatório promovido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) trouxe dados acerca da violência no campo em 2022. Nele, foram registrados cerca de 2.018 casos, afetando cerca de 909,4 mil pessoas. A incidência de violência chega a ser cerca de um conflito a cada quatro horas.

Os números apresentados em 2022 possui um crescimento de 10,39% em relação à 2021, ao qual a incidência de casos chegava a 1.828. Foram analisados cerca de 80 hectares de disputas em todo o território brasileiro.

O relatório publicado nesta segunda-feira (17) é a 37ª edição. A CPT é a organização vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), responsável pela análise de tais dados. Para a apuração, a CPT leva em consideração as disputas de terra em si, questões ligadas à água, trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão, contaminação por agrotóxicos e qualquer forma de violência.

A porta-voz da coordenação nacional da CPT, Isolete Wichinieski, diz que "nos últimos dez anos, só em 2020 tivemos um número geral de conflitos maior do que este, em plena pandemia". Ela completa dizendo que esse é o motivo dos números do ano passado ser tão grave.

O CPT diz que cerca de 181.304 famílias brasileiras foram atingidas em 2022 pelos efeitos da disputa no campo, violência contra a ocupação de terras e contra coletivos de ocupação e acampamentos. Isso representa um aumento de 4,61% em relação a 2021.

Segundo a CPT, três elementos vem contribuindo para a ampliação dos conflitos no campo, sendo eles: as disputas acerca da Amazônia Legal, os casos de trabalho análogo a escravidão e a crescente na contaminação por agrotóxicos.

Apenas a Amazônia Legal contribuiu para 1.107  casos de conflitos. Esse número representa mais da metade dos casos contabilizados em 2022 (54,86%). O CPT ainda afirma que 34 dos 47 assassinatos ocorridos no campo foram concentrados na região. "Um verdadeiro campo minado, no qual foram atingidas 121.341 famílias de povos originários e comunidades camponesas em 2022”, afirma Wichinieski. 

As ocorrências foram responsabilizadas em 23% por fazendeiros, seguidos por 16% o Governo Federal — gestão de Jair Bolsonaro (PL), que aumentou 6% em comparação com 2021 —, 13% empresários e 11% grileiros. "Esses conflitos, que deixaram de ser, em sua grande maioria, com os sem-terra”, explica Isolete Wichinieski. O foco neste momento são o avanço dos grileiros sob demarcações indígenas.

Já acerca dos trabalhos análogos à escravidão, o CPT diz que houveram 207 notificações, que envolviam 2.615 pessoas, sendo o maior resgate em dez anos. Minas Gerais é o estado com mais casos registrados (62, com 984 pessoas resgatas).

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