09 de Maio de 2024

Afeganistão: Talibã excluirá de universidades aulas contrárias à lei islâmica

Segunda-feira, 13 de Setembro de 2021 - 11:30 | Redação

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Afeganistão: Talibã excluirá de universidades aulas contrárias à lei islâmica

O ministro da Educação do Afeganistão, Abdul Baqi Haqqani, anunciou no fim da noite de ontem que será feita uma revisão extensa da grade curricular dos cursos universitários oferecidos no país e que aulas que sejam "contrárias" à lei islâmica (sharia) serão "excluídas".

O grupo fundamentalista Talibã tem uma interpretação bastante deturpada e rígida da sharia e a aplicam conforme sua vontade. "O início formal do ano novo acadêmico será em breve, precisamos de uma semana", disse Haqqani.

Apesar de dizer em coletiva que as universidades "terão a responsabilidade de reconstruir o país", a agência local "Tolo News" relatou que as instituições "estão esvaziadas". "Não há professores, nem estudantes. Só pouquíssimos vêm e estamos preocupados com nosso futuro", disse um dos alunos entrevistados.

Haqqani também confirmou a informação já divulgada pelos talibãs de que mulheres e homens não poderão estudar juntos, como ocorreu nos últimos 20 anos durante a invasão dos Estados Unidos.

"Isso não é um problema porque somos muçulmanos e aceitamos isso. Decidimos separar todos porque as classes mistas são contrárias aos princípios do Afeganistão e nossas tradições", disse em mais uma visão peculiar da sharia.

Na última semana, o Talibã anunciou que as  mulheres poderiam estudar — diferentemente do que ocorreu em seu primeiro governo, entre 1996 e 2001 —, mas que deveriam usar um véu islâmico (o niqab) cobrindo o rosto, ter apenas professoras mulheres ou um idoso "com boa reputação" e em turmas separadas.

Muitas universidades dizem que isso pode inviabilizar as aulas para as mulheres, já que não têm estruturas para separar os alunos ou para bancar professoras.

O  Talibã em seu primeiro governo suprimiu inúmeros direitos humanos da população, mas afetou diretamente as mulheres, proibindo-as de estudar, trabalhar e até sair de casa sem a companhia de um homem.

No discurso  desde que tomou o poder, em 15 de agosto após a queda de Cabul, os representantes afirmaram que não tirariam os direitos delas, mas na prática, as afegãs já sofrem com inúmeras limitações.

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