Procurador manda PF investigar denúncias contra juiz Odilon

O procurador da República Marcos Nassar determinou que a Polícia Federal investigue as denúncias feitas contra o juiz aposentado Odilon de Oliveira, candidato a governador pelo PDT, pelo seu ex-assessor e sobrinho Jedeão de Oliveira, acusado de ter supostamente desviado dinheiro do cofre da 3ª Vara da Justiça Federal, da qual o magistrado foi titular. No despacho, o chefe do MPF em Mato Grosso do Sul também determinou a remessa dos termos das acusações à Corregedoria do Tribunal Federal Regional, em São Paulo, para as providências cabíveis.

Jedeão de Oliveira trabalhou como diretor de Secretaria da 3ª Vara, comandada pelo tio, durante mais de 20 anos, período em que, segundo denunciou, descobriu que o magistrado vendia sentenças, arquitetava negociatas para beneficiar traficante e também manipulava dados para majorar o número de apreensões de bens de criminosos.

As “declarações por instrumento particular” datam de 15 de junho de 2018. Odilon é retratado por Jedeão como um exibicionista, que passava por cima da lei para investigar a quem quisesse através de uma agência própria de espionagem e de escutas clandestinas. Ele foi exonerado em função do sumiço de dinheiro de um dos cofres da 3ª Vara. Se declara inocente e diz que hoje, morando em Cuiabá, no Mato Grosso, recebe ameaças de morte.

Inicialmente as acusações foram formalmente registradas em Cartório, no interior de São Paulo, e ainda encaminhadas ao Ministério Público Federal, em proposta de delação premiada que ainda não se concretizou. No início do mês, os termos da denúncia foram publicados em ampla reportagem feita pelo jornal Folha de São Paulo. Odilon de Oliveira nega as acusações e diz que tudo se trata de "armação com fins eleitorais"

A Polícia Federal havia alegado inviabilidade de investigação por conta de “falta de provas concretas”. No entanto, em função da “notória repercussão” e “elevada gravidade” das denúncias, Nassar determinou a investigação e o encaminhamento de cópia das declarações de Jedeão à Corregedoria do TRF-3.

A investigação será comandada pela Delecor (Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros) da PF.