Vídeos mostram Bolsonaro articulando golpe com auxiliares
Gravação do encontro estava no computador apreendido de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do capitão
Sexta-feira, 09 de Fevereiro de 2024 - 09:14 | Redação
Em reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para que seus ministros atuassem para questionar as eleições antes mesmo da disputa, pois mostrava certeza na vitória de Lula devido a uma alegada fraude no sistema eleitoral. Veja trechos dos vídeos no final desta matéria.
A gravação do encontro estava no computador apreendido de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e segundo a Polícia Federal (PF), revela uma dinâmica golpista. O vídeo de mais de uma hora foi obtido pelo jornal O Globo e divulgados pela Globo News e por outros veículos de imprensa.
"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", disse Bolsonaro na ocasião.
Em outro momento, o então presidente afirma que todos os presentes no encontro têm algo a perder e diz que eles precisam "fazer alguma coisa antes" das eleições. "Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado", disse.
De acordo com Bolsonaro, os recursos retóricos, como o discurso pelo voto impresso, já se encontravam esvaziados e outro tipo de ação deveria ser empreendida. "Eu parei de falar em voto imp... e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes", afirma.
Estavam na reunião Anderson Torres (ex-Justiça), general Augusto Heleno (ex-Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa), Mário Fernandes (ex-chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República) e Walter Braga Netto (ex-Casa Civil). Todos são alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira, 8, e investigados por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Em outro trecho da gravação, Bolsonaro diz que a liberdade está em jogo e reforça que é preciso reagir. "Vocês sabem o que está acontecendo. Achando que esses caras estão de brincadeira?", disse Bolsonaro, referindo-se a atores da política nacional que estariam corroborando com uma iminente fraude no sistema eleitoral. "Alguém acredita em Fachin, Barroso e Alexandre de Moraes? Se acreditar, levanta o braço? Acredita que são pessoas isentas?", questionou. Todos os presentes no encontro permaneceram em silêncio.