01 de Maio de 2024

Santa Casa não paga salários e funcionários entram novamente em greve

Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2021 - 06:23 | Redação

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Santa Casa não paga salários e funcionários entram novamente em greve

A incapacidade administrativa dos gestores da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), mantenedora da Santa Casa, produziu hoje mais um capítulo da novela que expõe o caos em que se encontra o maior hospital de Mato Grosso do Sul. Com o atraso do pagamento dos salários de dezembro, diversas categorias decidiram cruzar os braços.

A instituição hospitalar alega que a situação é reflexo do não repasse, pelo município, do dinheiro referente aos serviços prestados no mês passado, informação contestada pela prefeitura da Capital. Enquanto hospital e poder público tentam se isentar de suas responsabilidades, no final quem paga mesmo a conta é a população.

A paralisação teve início na manhã desta quinta-feira, segundo informou Osmar Gussi, presidente do Sintesaúde/MS. De acordo com ele, 70% dos terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, farmacêuticos e assistentes sociais cruzaram os braços em protesto contra o atraso no pagamento dos salários de dezembro. "São ao menos 150 profissionais", informou, garantindo que os pacientes não estão sem atendimento, pois 30% do efetivo está trabalhando. A greve só termina, garantiu, após a ABCG pagar os salários.

Santa Casa não paga salários e funcionários entram novamente em greve

Osmar Gussi disse que em contato com o presidente da ABCG, o corretor de imóveis Heitor Freire, este informou que o pagamento será feito ainda hoje. Em nota divulgada ontem à imprensa, a diretoria do hospital esclareceu que o repasse do SUS, referente ao mês de janeiro, está atrasado e que por isso os salários ainda não foram quitados.

“Até agora, foi possível depositar parte do pagamento devido aos funcionários e a diretoria corporativa aguarda a liberação dos recursos para concluir a folha de pagamento”, se manifestou a ABCG por meio da assessoria de comunicação.

Por sua vez, a Prefeitura Municipal informou que já realizou repasse de R$ 12 milhões e que o restante ainda está "no prazo" de pagamento. Segundo nota oficial, "ainda há repasses em aberto, mas que ainda seguem no prazo para serem depositados".

“Cabe esclarecer que o pagamento ao hospital vem sendo feito de forma regular, inclusive com repasses pontuais tidos como ‘extras’ que ultrapassaram R$ 45 milhões em 2020, além do aporte para atendimento Covid-19”, informou a prefeitura.

Mensalmente o hospital recebe aproximadamente R$ 24,1 milhões em recursos públicos, sendo R$ 15,2 milhões do Governo Federal, R$ 5 milhões do município e R$ 3,8 milhões do Governo do Estado.

Médicos

Para amanhã, 15, está marcada para as 19h assembleia geral dos médicos que trabalham no hospital. Eles também irão votar indicativo de greve em função do atraso no pagamento dos salários e pelos serviços prestados. A reunião acontece na sede do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul).

Falta de gestão

O caos em que se encontra a Santa Casa foi acentuado na gestão do promotor de Justiça aposentado Esacheu Nascimento. No período de 2016 a 2020, o déficit financeiro cresceu de forma assustadora, o que recolocou o hospital em situação pré-falimentar.

Desde que ele assumiu a presidência, diversos diretores e conselheiros renunciaram aos seus cargos, o mesmo ocorrendo com associados. Esacheu abandou o hospital no início do ano passado, em pleno início da pandemia do novo coronavírus, para concorrer à prefeitura de Campo Grande. Ele foi a opção de 10.170 eleitores, o que representou pífios 2,45% dos votos válidos.

Em seu lugar assumiu a presidência o economista Heber Xavier, que também renunciou em função de não ter conseguido espaço para promover as reformas administrativas necessárias para que as finanças do hospital sejam recuperadas. Ele foi substituído pelo corretor de imóveis Heitor Freire, que ainda permanece presidente.

Enquanto continuar sendo usada como trampolim político por gestores sem qualquer competência administrativa, a Santa Casa vê aumentar a cada dia o risco de fechar as portas e encerrar suas atividades.

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