24 de Abril de 2024

Patrimônio cultural quilombola de MS é destaque de pesquisa da UEMS

Sábado, 21 de Novembro de 2020 - 05:59 | Redação

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Patrimônio cultural quilombola de MS é destaque de pesquisa da UEMS

A pesquisa intitulada “Inventário do Patrimônio Cultural Imaterial das Comunidades Quilombolas de Mato Grosso do Sul” foi institucionalizada no âmbito da UEMS, em 2019, e enfatiza sobretudo os festejos de comunidades quilombolas sul mato grossenses.  A professora da UEMS, dos cursos de História e do PofHistória, Manuela Areias, pesquisa sobre o patrimônio cultural imaterial das comunidades quilombolas do estado de MS e trabalhou, até o momento, com três tradições: Festa dos Santos Reis, Festa de São Pedro e o saber expresso na produção de farinha de mandioca.

O projeto trabalhou com a Festa dos Santos Reis, realizada há mais de cem anos por membros da família Modesto, moradores do quilombo Águas de Miranda (Bonito), a Festa de São Pedro, do quilombo Família Cardoso (Nioaque), e o saber expresso na produção da farinha de mandioca, da comunidade quilombola Furnas dos Baianos (Aquidauana).

Patrimônio cultural quilombola de MS é destaque de pesquisa da UEMS

Manuela Areias destaca que o reconhecimento e a salvaguarda do patrimônio cultural quilombola são essenciais para a continuidade de sua reprodução cultural, fortalecendo a identidade do grupo e o sentimento de pertencimento de seus moradores. “As expressões culturais protagonizadas por quilombolas revelam uma memória da diáspora africana que deve ser valorizada, lembrada e divulgada. São instrumentos de resistência e representam a luta das comunidades quilombolas para garantir seus direitos e a continuidade de suas manifestações culturais em terras sul mato-grossenses”.

Patrimônio cultural quilombola de MS é destaque de pesquisa da UEMSAtualmente, o estado de Mato Grosso do Sul reúne um contingente de 18 comunidades remanescentes de quilombos reconhecidas pela FCP (Fundação Cultural Palmares) e que estão com processos abertos no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) – órgão responsável pelo reconhecimento, identificação, delimitação e titulação dos territórios quilombolas – nos quais se reivindica a regularização fundiária de seus territórios tradicionais.

A pesquisadora ressalta que os quilombos não pertencem somente ao passado escravista. Tampouco se configuram como comunidades isoladas, no tempo e no espaço, sem qualquer participação em nossa estrutura social. “Ao contrário, são quase quatro mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro, que se mantêm vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras, garantido pela Constituição Federal desde 1988, entre outras políticas públicas”, enfatiza.

Em relação ao patrimônio cultural, para Manuela Areias, as festas de santo realizadas nas comunidades quilombolas do estado de Mato Grosso do Sul estabelecem uma relação intrínseca entre religiosidade, fé e memória da diáspora africana. “Muitas festas de santo, entre outras práticas culturais, estão relacionadas à religiosidade dos africanos da diáspora, que permaneceram no sul de Mato Grosso”, explicou.

A pesquisadora destaca que essas tradições representam a luta de comunidades negras para garantir a continuidade de seus traços culturais em terras sul-mato-grossenses. “A valorização e salvaguarda dessas celebrações, dos elementos necessários para suas realizações (como indumentárias, rezas, alimentos, instrumentos musicais, entre outros) e dos saberes expressos na produção da farinha de mandioca são essenciais para a continuidade e suas reproduções culturais nas comunidades, fortalecendo as identidades dos grupos e os sentimentos de pertencimento de seus moradores”, disse.

O projeto conta com o apoio e parceria do IPHAN-MS e com a participação do bolsista de iniciação científica Yan Prado Almeida, do curso de História da UEMS em Amambai.

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