26 de Abril de 2024

Projeto Poema na Quarentena MS dissemina poesia nas redes sociais

Terça-feira, 05 de Maio de 2020 - 08:00 | Redação

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Projeto Poema na Quarentena MS dissemina poesia nas redes sociais

A pandemia do novo coronavírus isolou as pessoas. A quarentena, medida imprescindível para evitar que a doença saia ainda mais do controle, transformou as relações, afastou amigos e familiares. Mas, na arte, parte da população tem tentado encontrar novas formas de se relacionar neste momento de isolamento social.

Em todo o mundo, artistas tem utilizado as redes sociais para manter viva uma das mais importantes atividades humanas: a produção de cultura. Músicos, cantores, cineastas, artistas, escritores e poetas têm apelado para a internet e usado as suas expressões artísticas para aliviar tanta angústia. No ócio do afastamento, o caos do surto de coronavírus no mundo tem se transformado em cultura.

Em Mato Grosso do Sul não foi diferente. Aqui, 14 poetas se reuniram e criaram o projeto “Poema na Quarentena MS”. A ideia surgiu de um papo entre os poetas Victor Barone e Fábio Gondim.

Durante as próximas duas semanas, a partir desta quarta-feira (6), poetas do Estado declamarão poesias em vídeos disseminados pelas redes sociais. Serão 14 vídeos, com 14 poemas navegando pela rede para provocar emoções, questionamentos e sensações. Para localizar os vídeos no Facebook, basta procurar pela hashtag #poemanaquarentenams.

“O formato do projeto é muito democrático. Um poeta diz o poema de outro em um ciclo que se repete durante duas semanas, semeando as redes sociais com poesia”, explica Barone.

Além de oferecer um momento de arte com os poemas, o projeto incentiva a leitura, inspira e distrai aqueles que estão presos em casa. “Quando a solidão toma conta, e o medo assume as ruas, é preciso ter a chance de viajar em si e no outro, não há maior necessidade da poesia que em momentos como esse. Só a poesia é capaz de acalentar a pandemia da solidão”, diz a atriz Ligia Prieto, que também participa do projeto

Para Fabio Gondim, a relevância de eventos como este se traduz no fortalecimento íntimo, de cada um, nestes tempos atípicos. “Tanto quem oferta quanto quem recebe o conteúdo são beneficiados. E a poesia, a arte em geral em momentos adversos, é dos melhores remédios”, afirma.

Ted Hughes, um dos maiores poetas do século XX, em suas anotações feitas durante o Festival Internacional de Poesia em 1967 disse: “A poesia é uma língua universal que todos podemos atingir.” Para o produtor cultural Vini Willyan, outro poeta que participa do projeto, o Poema na Quarentena MS é uma oportunidade de se colocar mais próximos uns dos outros. “E também uma iniciativa muito bonita, considerando o momento de isolamento”, reflete.

Para o poeta e filósofo Elias Borges, a quarentena provocada pela covid-19 nos mostra que pouco sabemos sobre o amanhã. “Se viessem me pedir um conselho como filósofo, eu diria para escutarem as orientações dos médicos. É o mais sensato. No filme ‘Desconstruindo Harry’, quando brinca com a pertinência da ciência, Woody Allen diz: ‘entre o papa e o ar-condicionado, fico com o ar-condicionado’. Não cabe à filosofia dar conselhos, no máximo sugerir. Ela mesmo diz não saber de nada. E em muitos momentos ela sugeriu a poesia”, afirma.

Martin Heidegger, filósofo e poeta, disse que o humano é um ser-para-a-morte, e que a poesia é o local mais originário do homem. “Ele propôs uma ruptura com a metafísica e uma aproximação ou regresso às ‘coisa mesmas’. O projeto ‘Poema na Quarentena MS’ é bem isso, uma reunião de poetas que não tem a menor vontade de oferecer novas perspectivas para a compreensão do sujeito, mas estão sempre escrevendo e sinalizando para a infinitude de tudo. Talvez desfrutar novamente da experiência original do pensamento com a poesia, algo que perdemos com o tempo, já seja uma meta bastante ambiciosa”, finaliza.

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