Forças Armadas compraram 700 toneladas de picanha e 80 mil cervejas

Nove deputados do PSB na Câmara protocolou representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o que consideraram "uso de recursos com ostentação e superfaturamento" por parte das Forças Armadas. Levantamento feito pelos parlamentares mostra que o dinheiro público bancou 700 toneladas de picanha e 80 mil cervejas ao longo de 2020, em plena pandemia do novo coronavírus.

O documento endereçado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, inclui gastos exorbitantes com itens para churrasco, tais como carne, cerveja e carvão. Foram compradas toneladas de picanha, milhares de litros de cerveja, e centenas de latas de Skol Beats e outras classificadas como especiais, segundo a denúncia.

O levantamento sobre os gastos utilizou informações disponibilizadas pelo Painel de Preços do Ministério da Economia, ferramenta pública destinada aos gestores públicos que visa a auxiliar na formulação dos preços médios de novos processos de compras.

Na denúncia, os deputados informam à PGR que todos os cuidados foram tomados no acesso ao sistema Comprasnet para se confirmar se os Pregões Eletrônicos para as compras foram realizados e em qual fase estariam. Esse trabalho revelou que todos os processos listados no Painel de Preços foram homologados, ou seja, concluídos.

Cerveja superfaturada

Os deputados informam também que foram encontradas compras com preços superfaturados, como é o caso das 1.008 latas com 350 ml de Bohemia Puro Malte, ao custo de R$ 4,33 a unidade. Numa unidade do Carrefour, os parlamentares constataram que a unidade estava sendo vendida por R$ 2,59.

A compra da cerveja foi feita para atender “as necessidades” do Setor de Aprovisionamento referente ao almoço alusivo ao aniversário do Grupamento de Unidades Escola 9ª Brigada de Infantaria Motorizada.

Cervejas Heineken Stella Artois e Eisenbahn, cujos preços são bem maiores do que as nacionais, também foram adquiridas em larga escala pelas Forças Armadas.

Picanha

Com preços mais elevados que outros cortes, a picanha não costuma frequentar a mesa da maioria dos brasileiros, ficando restrita ao consumo de pessoas com maior capacidade financeira. Não é o caso de alguns setores das Forças Armadas, como a Marinha, pois em 2020 iniciaram e concluíram 76 processos administrativos para a compra de 714,7 quilos desse corte nobre.

Por meio do Pregão Eletrônico nº 37/201 9 foram adquiridos 13,6 quilos de picanha ao preço unitário médio de R$ 118,25, bem acima do valor praticado no varejo.

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