Judiciário entrega 2,8 mil livros a escolas da Capital

Em ato realizado ontem (19), na Secretaria Municipal de Educação (SEMED), a juíza Jacqueline Machado, coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, entregou 2.865 livros arrecadados pelo projeto “Mulheres Inspiradoras” e que foram distribuídos a 35 escolas municipais da Capital, além do Instituto Luther King. As obras foram arrecadadas em campanha realizada pelo Pacijus, programa da Coordenadoria de Integração Social, da Secretaria de Comunicação do TJMS.

De acordo com a coordenadora da Mulher, agora realmente o projeto começará a ser colocado em prática nas escolas, pois os professores, já capacitados, vão aproveitar os livros que estão recebendo para fazer o trabalho efetivo com os alunos na questão de igualdade de gênero, raça e etnia para que se consiga fazer a diferença por meio da educação. “Quando você trabalha com a criança e com o adolescente, o público torna-se muito amplo porque eles levam o que aprendem para dentro de casa, então esse trabalho acaba influenciando na família. O projeto Mulheres Inspiradoras faz com que elas tenham que contar histórias de mulheres que inspiram dentro da sua família, dentro da sua comunidade e isso faz as pessoas terem um outro olhar para as mulheres, não aquele olhar de objetificação, de subordinação, então é um horizonte que se abre a partir desse projeto”, destacou a juíza Jacqueline Machado.

Ao receber os livros, a secretária municipal de Educação, Elza Fernandes Ortelhado, destacou o projeto desenvolvido pelo Poder Judiciário para que este conteúdo seja levado para dentro das escolas. “Este é um tema muito discutido e nós precisamos estar atentos e dar todo o suporte dentro das unidades de ensino para que haja uma prevenção. Houve uma capacitação dos professores em relação a isso e eu acredito que dessa forma vamos atingir não só os alunos com essa formação, mas também os familiares, porque eles levarão tudo o que aprenderem para os tios, pais e avós”.

Os 386 kits são compostos pelas seguintes obras: Eu sou Malala; Não vou mais lavar pratos; Ponciá Vicencio; O Diário de Anne Frank; Metade cara, metade máscara; Espelhos, Miradouros, Dialéticas da Percepção; Quarto de Despejo - Diário de uma favelada; Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz; e o Tapete Voador.

Foram parceiros da campanha de doação de livros o Tribunal de Contas (TCE/MS), o Fiems/Sesi, a Associação Campo-grandense de Professores (ACP), o Hospital El Kadri, a Cassems, o Sistema OCB/MS, a Unimed, o Instituto Luther King, a advogada Fernanda Alves e o juiz César de Souza Lima, da 3ª Vara Criminal de Dourados, que destinou recursos da execução penal para a aquisição dos livros.

Capacitação – Aliar leitura de livros sobre mulheres (e escrito por elas) com a construção de uma identidade de gênero, onde o feminino tem relevância social, é a proposta do Projeto “Mulheres Inspiradoras”, apresentado a professores da Rede Municipal de Ensino da Capital, pelo Poder Judiciário de MS, em curso realizado nos dias 5 e 6 de junho de 2018.

A capacitação contou com uma palestra ministrada pela professora Gina Vieira Ponte, idealizadora do projeto, que ressaltou que este vai além da prática de ensino em escolas, pois trata-se de uma mudança de cultura e combate ao machismo, sendo a escola um espaço igualitário onde é possível se discutir o que é ser homem e o que é ser mulher.

O curso de capacitação EmPENHAdas pela Educação, que une o Mulheres Inspiradoras com o Programa Maria Faz a Diferença na Escola, foi realizado pelo Tribunal de Justiça, por meio da Escola Judicial e da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar.

Saiba mais – O Projeto Mulheres Inspiradoras foi criado em 2014, no Distrito Federal, para estimular a leitura e escrita autoral, além do fortalecimento da interpretação de textos entre estudantes dos últimos anos da educação básica.

A proposta consiste em trabalhar com os alunos obras escritas por mulheres e que abordam temas como violência, racismo, empoderamento, diversidade, igualdade de gênero e representação feminina. Após a leitura das obras literárias, os alunos decidem quem é a mulher inspiradora de sua vida. Pode ser a mãe, uma avó ou outra pessoa que os inspirem. A partir de entrevistas feitas com essa mulher, os alunos construirão textos e discutirão a importância do feminino em história.

O Projeto Mulheres Inspiradoras não é apenas de um programa inovador, premiado nacional e internacionalmente: é a primeira proposta aplicada em sala de aula e, posteriormente, incorporada pela Educação do Distrito Federal. A ideia tornou-se política pública em abril desse ano. A meta é permitir que, com o tempo, o trabalho alcance um número cada vez maior de instituições de ensino públicas.