28 de Março de 2024

Bolsonaro repercute fala de desembargador de MS defensor da cloroquina

Segunda-feira, 25 de Janeiro de 2021 - 10:32 | Redação

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Bolsonaro repercute fala de desembargador de MS defensor da cloroquina

Após defender em seu discurso de posse o uso de medicamentos de eficácia não comprovada pela Ciência no tratamento da Covid-19, o retorno ao trabalho mesmo na pior fase da doença, criticar a imprensa e até o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, o novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Carlos Eduardo Contar, despertou a atenção do presidente da República Jair Bolsonaro, negacionista notório da letalidade do novo coronavírus e antivacina convicto.

Trecho do discurso do magistrado foi postado por Bolsonaro em seu perfil no Twitter nesta segunda-feira, levando ao clímax seus seguidores e provocando críticas dos que discordam do presidente e também do novo presidente do TJMS. Clique aqui e leia o discurso na íntegra.

Bolsonaro repercute fala de desembargador de MS defensor da cloroquina

“Só pra esclarecer, existem gados em todas classes sociais, desde do mais pobre ao mais rico, do analfabeto ao letrado, do promotor ao magistrado. SÓ QUERO AVISAR QUE DA GRANDE MAIORIA DOS BRASILEIROS JÁ CAIU A FICHA, SABEMOS QUE É INCAPAZ DE GOVERNAR O BRASIL!!! PEDE PRA SAIR 01!!!!!”, escreveu Eduardo Mascarenhas ao comentar o post de Bolsonaro.

Bolsonaro repercute fala de desembargador de MS defensor da cloroquina

Já o internauta Benito, admirador do capitão da reserva, escreveu: “Que belo pronunciamento!  Estávamos precisando ouvir isso! Que as pessoas que ainda acreditam no que essa velha imprensa insiste em transmitir o pânico, a histeria e o caos acordem para a vida antes que seja tarde demais”. Teve até internauta que defendeu o nome de Eduardo Contar para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Bolsonaro repercute fala de desembargador de MS defensor da cloroquina

Mandetta picareta

No trecho do discurso reproduzido por Jair Bolsonaro no Twitter, o novo presidente do TJ MS chama o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta de “picareta da ocasião” e diz enxergar a população, na pandemia, como “rebanho conduzido para o matadouro”.

“Voltemos nossas forças ao retorno ao trabalho, deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor, desprezemos pois o irresponsável, o covarde e picareta da ocasião que afirma “fiquem em casa”, “não procurem socorro médico com sintomas leves”, “não sobrecarreguem o sistema de saúde”, disse o magistrado.

Mais adiante, completa: “Mostremos nós trabalhadores do serviço público responsabilidade com os deveres e obrigações com aqueles que representamos, e por isto mesmo, retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre, honrando nossos salários e nossas obrigações, assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada, que precisam laborar para sobreviver e não vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês”.

A “esquizofrenia” e a “palhaçada midiática fúnebre” a que o magistrado se refere, mostram diariamente o avanço da doença e a irresponsabilidade de muitos de não seguir as regras de distanciamento, ampliando o contágio, além do luto e desespero enfrentados por amigos e familiares das mais de 217 mil vítimas fatais da Covid-19 registradas até esta segunda-feira apenas no Brasil.

Histeria coletiva

O magistrado disse ainda que este é o momento de se combater a “histeria coletiva coletiva, a mentira global, a exploração política, o louvor ao morticínio, a inadmissível violação dos direitos e garantias individuais, o combate leviano e indiscriminado a medicamentos que – se não curam, e isto jamais fora dito – podem, simplesmente no campo da possibilidade, ajudar na prevenção ou diminuição do contágio, mesmo não sendo solução perfeita e acabada”.

Ao defender o uso de medicamentos de eficácia não comprovada como medida de tratamento contra a Covid-19, como a ivermectiva e cloroquina, dentre outros, o desembargador abraça o discurso de Jair Bolsonaro e, assim como o capitão, mostra o seu desprezo pela Ciência, que por princípio jamais vai se manifestar “no campo da possibilidade”, como quer o juiz. A Ciência já provou por meio de diversos estudos que não existe tratamento precoce para a Covid-19, mas os terraplanistas insistem em dizer o contrário.

Conselho

Carlos Contar diz ainda que “razões de ordem prática recomendam meu silêncio. Primeiro, para não ser penalizado, neste tempo de caça às bruxas onde até o simples direito de manifestar qualquer opinião que não seja a da grande mídia corrompida e partidária, também porque a idade vai ensinando que melhor do que estar certo é ser feliz, mesmo que padecendo com a revolta, a indignação e o inconformismo, e por último, também porque, já me alongo nesta fala e não gostaria de deixar a má impressão de ser inconveniente”.

No entanto, o magistrado optou por não seguir o próprio conselho e partiu para o ataque contra a imprensa, classificando-a como “mídia corrompida e partidária”.

Agora, na condição de presidente do Judiciário Estadual, ele terá a oportunidade de fazer a lição de casa e suspender a distribuição de mídia e verbas publicitárias do TJMS pelo menos aos veículos de imprensa local que eventualmente integrem o rol dos "corrompidos e partidarizados" que, como ele próprio diz, "penalizam" e promovem a "caça às bruxas" – por certo, numa referência às criticas da mídia aos antivacinas, negacionistas e terraplanistas que ainda campeiam pelo mundo em pleno século 21.

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