16 de Maio de 2024

Abin monitorou ilegalmente Moraes e Gilmar Mendes, segundo Polícia Federal

Apuração indica que filhos de Bolsonaro alvos de investigações foram beneficiados com o esquema

Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2024 - 18:30 | Redação

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Abin monitorou ilegalmente Moraes e Gilmar Mendes, segundo Polícia Federal
Os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes (Arquivo)

Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada para monitorar ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo fontes ligadas à PF, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem irregular. As suspeitas recaem sobre o ex-diretor-geral do órgão durante o governo Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.

Além dos ministros, o nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia também está entre os que teriam sido monitorados ilegalmente pela Abin.

Ramagem é um dos alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência.

O gabinete do parlamentar é um dos locais onde foram feitas as buscas. As ações também ocorreram em endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. 

A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. Segundo a corporação, as ações desta quinta-feira (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.

A apuração mostrou que os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência. “[O grupo] utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”, explicou a PF.

Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

De acordo com as investigações, o programa permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses. Segundo fontes da Abin, o uso da ferramenta não é considerado crime em consultas feitas para dar andamento em investigações, por exemplo. Nestes casos, os agentes envolvidos na apuração ligam para as operadoras e pedem dados de algum suspeito.

Filhos de Bolsonaro

A Polícia Federal também trabalha com a suspeita de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para ajudar filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro fornecendo informações para que eles pudessem se defender de investigações judiciais em tramitação na Justiça.

Conforme a Polícia Federal (PF), houve atuação ilegal de uma “estrutura paralela” na agência para favorecer Jair Renan Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

No caso de Jair Renan, filho mais novo de Bolsonaro, a atuação teria se dado por meio de “serviços de contrainteligência” com objetivo de interferir em uma investigação que ele era alvo e “fazer prova” a seu favor.

Já em relação a Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente, a Abin teria preparado relatórios para abastecer a defesa do congressista no caso das “rachadinhas”.

Em nota, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que "é mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida".

Senador nega

"Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia", disse na nota.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a operação é uma "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar foi o coordenador da segurança de Bolsonaro na campanha de 2018.

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