Bombeiros de MS e do PR vencem exaustão para controlar fogo na Serra do Amolar
Quinta-feira, 01 de Outubro de 2020 - 09:00 | Redação
A superação ao enfrentar altas temperaturas e dificuldades de acesso que levam à exaustão, poucas horas de sono e a concentração para manter o equilíbrio emocional, foram situações desafiadoras para os bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Paraná durante dez dias de combate aos focos de calor na região da Serra do Amolar, 220 km ao Norte de Corumbá.
O êxito da operação desencadeada pelo Governo do Estado, por meio da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), elevou o grau de satisfação da guarnição e todos os bombeiros se sentiram gratificados pelo sucesso alcançado e a oportunidade de defender um bioma patrimônio da humanidade.
“Foi uma experiência nunca vivida, nos proporcionou enriquecimento profissional e pessoal”, traduziu a tenente paranaense Luisiana Guimarães, 36, que esteve, por diversas situações, à frente do fogo. Na segunda-feira, 28, ela passou 12 horas de grande tensão no vale da serra, onde o fogo avançava rapidamente para uma área de 70 mil hectares de reservas.
A força-tarefa estruturada pelo Estado, que em alguns momentos chegou a contar com mais de 70 combatentes, entre bombeiros, brigadistas e voluntários das organizações não-governamentais, desempenhou a contento duas missões: proteger as populações ribeirinhas e a Serra do Amolar, lugar de relevância para a conservação da biodiversidade do bioma.
O efetivo dos bombeiros subiu o Rio Paraguai no dia 23 de setembro, no navio Paraguassu, da Marinha de Ladário, que navegou no limite devido ao baixo nível de água com a seca: 150 km. Os 90 km à frente, até o Parque Nacional do Pantanal, na divisa de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, foram feitos de lancha, navegando à noite entre bancos de areia e pedra no fundo do rio.
Divididos em dois barcos, os bombeiros priorizaram as ações na área ribeirinha da Barra do São Lourenço, onde vivem mais de 200 pessoas. A comunidade vive da venda de iscas, peixes e artesanato e foi ameaçada com fogo. Algumas famílias foram retiradas de suas casas, abrigando-se na escola municipal, e toda a área foi protegida com aceiro.
O maior desafio foi combater o fogo que se alastrou pelo entorno da serra. Os bombeiros, que se encontravam no Rio Cuiabá, distante 45 km da sede da reserva Eliezer Batista, atenderam a emergência vinda pelo rádio transmissor e se uniram aos brigadistas e aos funcionários para debelar as chamas, que ameaçavam chegar às edificações.
“Enfrentamos outra realidade em relação ao nosso Estado”, conta o tenente paranaense Pedro de Faria. “Dificuldades de acesso, muito cansaço e carga de estresse que não vivenciamos, além da potencialidade dos incêndios, situação que mexe com o seu psicológico. Mas ficamos extremamente satisfeitos e gratificados por participar dessa ação, fazendo o diferencial", disse.
Para conter o fogo e não deixá-lo atingir a Serra do Amolar, o que ocorrendo tornaria incontrolável a situação, os bombeiros se revezaram em uma longa e exaustiva viagem por 8 km, usando barcos, trator e quadriciclo, além da caminhada com equipamentos nos ombros. O trabalho diurno e noturno foi compensado com o controle das chamas, ao quinto dia.