18 de Maio de 2024

Criação da lei de proteção do Pantanal terá participação popular

Segunda-feira, 14 de Agosto de 2023 - 04:08 | Redação

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Criação da lei de proteção do Pantanal terá participação popular

A criação da nova lei de preservação do Pantanal, anunciada pelo governador Eduardo Riedel, terá a participação popular no processo de elaboração e é aguardada com expectativa e interesse de vários segmentos representativos da sociedade de Mato Grosso do Sul.

Enquanto é preparada a consulta às diversas frentes de discussão a fim de confeccionar a legislação, pontos importantes são apontados sobre a preservação do Pantanal, contemplando também o atendimento adequado da população que vive no local, e ainda a pecuária, que tem significativa importância social e econômica.

Criação da lei de proteção do Pantanal terá participação popular

Ângelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que atua há mais de duas décadas na preservação do bioma, acredita que a legislação vai atender as necessidades de todos os envolvidos.

“A visão do governo é estratégica para pensar no futuro do Pantanal. Há a necessidade de se rever a atual legislação em função do aumento do desmatamento identificado por órgãos de monitoramento, a diferença de legislação com Mato Grosso, que também tem o mesmo bioma, e a manifestação emitida pelo Ministério do Meio Ambiente”, disse.

Outro ponto da futura lei é a segurança jurídica. “Trazer a discussão para diferentes atores e pensar nisso para o futuro do Pantanal, saindo da condição de um decreto para uma lei, vai criar segurança jurídica para quem quer investir de forma sustentável e com regras que contribuem para manter o equilíbrio do bioma”, disse Rabelo.

O produtor rural Armando Lacerda é morador da região do Porto de São Pedro, vizinho de áreas de proteção ambiental da Serra do Amolar.

Ele disse que com a nova norma será possível entender e analisar os benefícios da manutenção das áreas de reserva ecológicas e parques.

"Moro no Pantanal, no meio das reservas, que hora pega fogo e hora tem a decoada. Sem manejo adequado, não há controle da vegetação, que serve de combustível para queimadas e ainda usa o oxigênio da água, quando há cheia, matando os peixes”, disse Lacerda.

Criação da lei de proteção do Pantanal terá participação popular

O pantaneiro afirma que analisar a questão é essencial para garantir inclusive, melhorias para a população local. “Precisamos das estradas, o custo de deslocamento no Pantanal é altíssimo, e é preciso, para atender que mora ali, atendimento médico, acesso às escolas", argumentou.

O presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Gilson Barros, também discorre sobre o acesso às áreas mais remotas do Pantanal, especialmente para atender demandas nas áreas da Saúde e Educação.

“As estradas têm importância social, ambiental e econômica. É preciso pensar em saúde, educação e desenvolvimento social. Com a estrada, é muito mais fácil atender uma pessoa que foi picada por cobra, por exemplo, ou para os bombeiros combaterem incêndios”, diz.

Rebanho bovino

Com mais de 2 milhões de cabeças de gado na região pantaneira, o impacto ambiental também influencia na atividade pecuária.

“Perdemos áreas muito grandes por conta do assoreamento do Taquari. O arrombado (alagamentos permanentes) que alagou uma área enorme no Pantanal promoveu a perda de centenas de fazendas e o gado diminuiu. Todas as propriedades deixaram de produzir, não tem mais nenhuma cabeça de gado na parte inundada há mais de 20 anos”, resslata.

Ações sustentáveis

O Pantanal, principal e maior bioma em Mato Grosso do Sul, mantém aproximadamente 85% de sua área preservada, mesmo após mais de três séculos de ocupação humana, segundo o Governo do Estado.

A legislação será criada com o envolvimento dos diversos segmentos representativos de pessoas que vivem e atuam na região, como ambientalistas, produtores rurais, pantaneiros e classe política. O amplo debate se faz imprescindível para contemplar todos os envolvidos.

Para atender o pleito antigo da população pantaneira, que espera por ações sustentáveis que garantam condições de moradia mais dignas, como estradas sustentáveis e projetos à exemplo do Ilumina Pantanal – que levou energia limpa nos mais distantes locais do bioma –, é necessário garantir o desenvolvimento da região e a preservação do bioma.

“Estamos em pleno processo de transição entre um e outro modelo, adotando as primeiras medidas e novos paradigmas, em busca da descarbonização da economia, práticas sustentáveis, e uma fórmula inteligente que supere o paradoxo entre crescimento e preservação”, afirmou o governador Eduardo Riedel.

A expectativa é de que seja criado um fórum que reúna os diversos envolvidos - representantes do governo Federal e do estado vizinho, Mato Grosso - para discussão de uma proposta que atenda e responda aos principais desafios do Pantanal, que abriga a pecuária extensiva, e convive com o êxodo de uma população mais jovem, em busca de mais oportunidades e melhores condições de vida.

Estratégias

Para definir a estratégia de atuação, Riedel se reuniu – na quinta-feira (10) – com representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) – João Paulo Capobianco, secretário executivo, e André de Lima, secretário Extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial.

Também reuniu-se com membros da bancada federal (os deputados Vander Loubet, Beto Pereira, Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende).

Na ocasião, também foi discutida a suspensão de todas as licenças de supressão vegetal no Pantanal, medida que visa garantir mais segurança jurídica às discussões de criação da 1ª Lei do Pantanal.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), representante da classe produtora, acompanha junto ao governo estadual todos os desdobramentos e demandas dos envolvidos em relação à autorização de supressão vegetal no Pantanal e vai realizar levantamentos e enviar informações sobre o sistema produtivo da pecuária de corte no bioma, e com isso subsidiar os estudos para uma nova legislação.

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