19 de Março de 2024

O coração da América do Sul

Segunda-feira, 14 de Março de 2022 - 07:34 | Redação

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O coração da América do Sul
O coração da América do SulAntonio Ueno *

Mato Grosso do Sul conta com uma população de mais de 2.840.000 habitantes. O estado é o 21º mais populoso do Brasil. Os principais municípios são Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã.

Campo Grande é a capital do estado e carrega a responsabilidade de ser o centro administrativo, político, cultural, econômico e logístico. É o principal centro demográfico com população estimada em 31,77% do Estado, sendo o terceiro maior e mais desenvolvido centro urbano da região Centro-Oeste do Brasil.

Localização Mato Grosso do Sul tem uma área de 357.124,96 km². O estado é favorecido por sua localização geográfica privilegiada no país e na América do Sul. É um ponto estratégico por fazer fronteira com Bolívia e Paraguai e com os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Goiás.

Transformação Pensando nas possibilidades e oportunidades que a implantação da Rota Bioceânica irá criar para os países envolvidos, em especial para o Estado de Mato Grosso do Sul, este estudo busca mostrar as reais possibilidades de desenvolvimento e transformação com a criação de novas demandas, emprego e renda. Todo o planejamento para esta implantação conta com a melhoria da infraestrutura, logística, avanços tecnológicos, digitais e os novos fluxos econômicos. A vida do sul-mato-grossense será impactada de forma positiva. O estado será um corredor econômico que ligará o Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Costa Oeste dos Estados Unidos, sudeste Asiático e Oceania.

Riquezas O estado possui uma das maiores reservas de ferro e manganês do mundo, situada na cidade de Corumbá, além do mármore e do estanho. A agricultura por sua vez, se destaca no cultivo da soja, carne, celulose e cana-de-açúcar. Temos, ainda, a abundância hídrica proveniente do Aquífero Guarani.

Objetivo Transformar o estado num polo industrial aproveitando a matéria prima de vários setores e as oportunidades com a futura demanda, tanto na importação, quanto na exportação. Seremos um grande centro de distribuição de mercadorias importadas.

Oportunidade Considerado um estado pouco industrializado e dependente do serviço público e do comércio, Mato Grosso do Sul está diante da melhor oportunidade de desenvolvimento dos seus 44 anos de história.

Investimento Com todo o esforço em criar serviços logísticos modernos integrando os modais aéreo, rodoviário, ferroviário, hidroviário, o estado será amplamente beneficiado com agilidade, segurança e custos menores na operação de transporte para importação e exportação. Este fato poderá abrir um leque de oportunidades com produtos importados previamente consumidos no país, como trigo, fertilizantes, carros, além da infinidade de componentes eletrônicos que chegarão ao Brasil com margem de competitividade.

Polo Campo Grande tem a oportunidade de se transformar num polo de recebimento, beneficiamento e distribuição de matéria-prima e mercadorias, transformando-se numa base comercial ofensiva nas relações comerciais com outras cidades brasileiras.

O foco deste estudo visa unir vontade política e investimentos para colocar Campo Grande no centro do processo produtivo da América do Sul.

A Capital Morena se tornaria um centro de distribuição de produtos importados para o mercado nacional.

Possibilidades Campo Grande, assim como outras cidades do estado de Mato Grosso do Sul, contaria com o fortalecimento de sua base industrial podendo diversificar sua matriz produtiva.

O estado deixaria de ser o destino final de produtos para se transformar num grande polo de beneficiamento e distribuição ampliando as atividades e agregando valor aos produtos recebidos e distribuídos.

Esta possibilidade, que está cada vez mais próxima, viabilizará novos investimentos e melhorias tecnológicas além do desenvolvimento da economia com a criação de novos empregos e renda para o sul-mato-grossense.

Marca Pantanal É uma “grife” pouco explorada e pode ser utilizada na divulgação do estado na busca de novos investimentos. O potencial turístico do estado está amplamente atrelado a este bioma. Faz-se necessário utilizar a força desta marca conquistada nacional e internacionalmente para tornar nosso estado mais conhecido, não somente pelas questões turísticas, mas também por seu potencial socioeconômico.

Abertura Cultural O aumento das relações comerciais dos países da América do Sul através das opções logísticas aumentaria, também, o fluxo de turistas no Estado, criando, assim, novas oportunidades de negócios para o turismo, também conhecido como indústria verde, como a região do Pantanal, Bonito, Aquidauana, Coxim, Corumbá e Ponta Porã, além de agregar ainda mais valor às questões culturais já enraizadas em nossos costumes, principalmente as do país vizinho, Paraguai.

Etnoturismo Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do país, motivo este que explica a forte influência indígena na cultura sul-mato-grossense.

Mesmo com estas questões numéricas, territoriais e culturais, o estado de Mato Grosso do Sul não soube, até o momento, capitalizar o potencial turístico sustentável do etnoturismo e ecoturismo através de visitação nos limites das terras indígenas, a exemplo de estados como o Amazonas, que oferece aos turistas visitas guiadas à aldeias indígenas, onde o visitante conhece os costumes, a cultura, o cotidiano, além de consumir produtos e serviços, como pintura corporal e artesanato.

Integração É preciso pensar a questão indígena como um todo. Além do potencial turístico é necessário gerar renda para a população indígena dentro dos limites de suas aldeias. É possível incentivar, por exemplo, a piscicultura, apicultura, o cultivo orgânico de produtos como manga, abacate, laranja e uva para consumo interno e futuramente utilizar a Rota Bioceânica para exportação desses cultivos que poderão alcançar os grandes mercados consumidores do planeta.

Modernização tecnológica Com todo investimento em serviços logísticos modernos, há a expectativa de modernização tecnológica e uso da internet para monitoramento de cargas. Com isso surgirão novas possibilidades, não só de emprego e renda, mas também nas áreas de pesquisa e inovação.

Exposição permanente Campo Grande, que já apresenta números expressivos no turismo de eventos, poderia agregar à esta atividade a ideia de trabalhar com exposições permanentes dos produtos produzidos e beneficiados no estado, acrescentado ao seu potencial turístico o comércio de nossos produtos e serviços.

O objetivo seria atrair compradores e vendedores das nossas matérias-primas e principalmente do produto final. Este estudo busca alertar as iniciativas pública e privada sobre o grande potencial que o estado agregaria à sua economia, não só vendendo commodities, mas também beneficiando nossa matéria-prima.

Principais produtos Soja. Madeira de reflorestamento. Papel celulose. Ferro. Mármore. Calcário. Couro de boi, avestruz, peixe e jacaré de cativeiro. Milho. Carne bovina, suína, de frango e de peixe. Cana-de-açúcar, Álcool.

Gargalo O estado de Mato Grosso do Sul é rico em matéria-prima, tem capacidade de produção, espaço geográfico, clima favorável e futuramente contará com logística de transporte moderna. Porém, existe um grande desafio no final desse processo: a venda dos produtos.

A ideia é criarmos aqui um grande centro de exposição permanente para que o mundo venha conhecer de perto as nossas riquezas.

Melhor momento O estado vive seu melhor momento para este novo desafio, tanto administrativa, como politicamente.

Será necessário aproveitar esta fase para angariar apoio da sociedade civil, do governo federal, do governo do estado, das entidades organizadas e dos municípios para conquistar esta integração e obter sucesso diante deste novo mundo de novas oportunidades que se apresentam diante de nós.

Desafio Seremos apenas um mero corredor de passagem dos produtos para a Rota Bioceânica ou trabalharemos ativamente para capitalizar e mudarmos o rumo da nossa história de forma positiva.

O futuro que almejávamos há 44 anos atrás, na divisão do estado, se faz presente e está diante de nós. Vamos aproveitar as oportunidades ou perderemos o “timing” da história?

* Antonio Ueno é Cientista Político

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