O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira que a d ecisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar o poder público a impor sanções a quem não tomar a vacina contra a Covid-19 pode ter sido "uma medida inócua", porque o governo não tem como imunizar todos até o fim do ano que vem. Desta forma, quem eventualmente poderia ser atingido por medidas restritivas não teria como ser punido, por falta de acesso à vacina. "Tomou uma medida antecipada, nem vacina tem, não vai ter pra todo mundo", declarou Bolsonaro, durante transmissão ao vivo na internet . "O que o Supremo decidiu? Se você não quiser tomar vacina, eu, o presidente da República, os governadores ou prefeitos podem impor medidas restritivas a você, [...] não pode tirar passaporte, carteira de habilitação, pode botar em prisão domiciliar, olha que lindo...", comentou, ao explicar a decisão para apoiadores na live.
Bolsonaro critica decisão do STF sobre vacinas
Bolsonaro então apontou que haverá novos prefeitos assumindo seus cargos no mês que vem e, como "a vacina não vai estar pronta em dezembro", caberá a eles a decisão sobre a vacinação. Na sequência, reclamou de quem reelegeu prefeitos que adotaram medidas restritivas contra a pandemia do novo coronavírus, citando o de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). "Você reelegeu o cara, ele fechou tudo. Qual vai ser a atitude dele agora? Não sei. Mas você que escolheu ele. Então se ele fechar e impor [sic] medida restritiva, problema é teu. Você não votou nele? Não é assim a democracia?", afirmou.
Ele reforçou que o Supremo não mandou impor medidas restritivas e disse que, da sua parte, "zero". Em seguida, disse duvidar que elas serão adotadas por todos os governadores, mas não quis "botar a mão no fogo por ninguém".

"Eu acho difícil, não acredito. Os governadores vão falar assim: "quem não tomar vacina...". Se bem que não vai chegar de uma hora pra outra. Não vai ter. O ano que vem, dificilmente, vamos supor que comece no final de janeiro, não temos como conseguir a vacina pra todo mundo até o final do ano. Então não vai ter medida restritiva nenhuma. O cara pode falar: "eu quero tomar, mas não tem". Pode ser uma medida inócua do Supremo. Com todo o respeito ao Supremo Tribunal Federal, entrou em uma bola dividida, meu Deus do céu, não precisava disso. Não precisava disso", argumentou.

Ao justificar porque não concorda com a obrigatoriedade da vacinação, Bolsonaro comparou a situação com a de alguém que pega uma bula e vê escrito que "o fabricante não se responsabiliza por efeito colateral": "vou obrigar tomar a vacina com isso escrito lá? Eu tenho responsabilidade. Se tem efeito colateral, quem vai se responsabilizar por essa pessoa?".