24 de Abril de 2024

Morte de seis pessoas na fila da UTI contradiz promessa de Marquinhos

Quinta-feira, 17 de Junho de 2021 - 11:29 | Redação

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Morte de seis pessoas na fila da UTI contradiz promessa de Marquinhos

Após o arroubo profético no qual vaticinou na última terça-feira que “não vai morrer nenhum campo-grandense longe de um leito de UTI na minha cidade”, parece que os fatos começaram a contradizer o prefeito Marquinhos Trad. Dados da Central de Regulação da prefeitura mostram que seis pessoas morreram em Unidades de Pronto Atendimento em Campo Grande a espera de leitos de UTI nas últimas 72 horas.

Morte de seis pessoas na fila da UTI contradiz promessa de Marquinhos

As vítimas fatais eram pessoas com idade entre 64 e 87 anos. Acometidas pela Covid-19 e com o quadro de saúde instável, algumas com comorbidades, elas aguardavam em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros Regionais de Saúde (CRS) vagas na rede hospitalar.

Algumas permaneceram na fila de espera por leitos nos hospitais entre 8 e 9 dias, enquanto que outras vieram a óbito em até 24 horas. Veja abaixo a situação dessas vítimas, segundo a Central de Regulação de Vagas da prefeitura.

PacienteIdadeUPA/CRSPedido de vagaÓbitoTempo na fila
NAS86Coophavila07/0615/069 dias
RCR76Cel. Antonino08/0615/068 dias
OO64Santa Mônica11/0616/066 dias
EAT85Universitário13/0615/063 dias
JTV72Cel. Antonino14/0615/061 dia
PLM87Cel. Antonino15/0616/061 dia

Quadro deve piorar

Com a flexibilização das regras de isolamento social adotada por Trad na última segunda-feira, a tendência é de que o número de óbitos dispare. Justamente agora, no pior momento da pandemia, quando em função da absoluta falta de leitos de UTI pacientes estão sendo “exportados” para receber atendimento em outros Estados, ele decide por decreto, numa decisão estapafúrdia, contrariar as regras do Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir).

Numa canetada, ele tirou Campo Grande da bandeira cinza (extremo grau de contágio) e recolocou-a na bandeira vermelha (alto grau de contágio). A iniciativa foi tomada para atender a pressão da indústria, comércio e de prestadores de serviços, já que na bandeira cinza todas as atividades teriam de ser paralisadas, o que não ocorre na vermelha. O problema é que o péssimo comportamento de Marquinhos Trad vem sendo seguido por outros prefeitos.

Decisão responsável

Em entrevista concedida ao programa o Povo na TV, apresentado por Tatá Marques no SBT, Marquinhos Trad, ao justificar a flexibilização das regras de isolamento social disse não ter tomado “nenhuma medida sem responsabilidade”.

E foi mais longe ainda e garantiu: “Campo Grande, nós estamos cuidando de vocês. Não vai morrer nenhum campo-grandense longe de um leito de UTI na minha cidade. Nós estamos monitorando pessoalmente. Nós temos leitos de UTI”. A fala do prefeito não condiz com a verdade, pois até agora, 34 pacientes de MS estão sendo atendidos em hospitais em São Paulo e Rondônia por conta da falta de leitos no Estado.

Na entrevista, Marquinhos Trad isentou o comércio de qualquer responsabilidade pelo aumento do número de pessoas contagiadas e disse que o avanço da Covid na Capital é fruto da “ausência de transporte coletivo, dificuldade de locomoção do cidadão, falta de UTI no interior”.

Como o transporte público do município é de responsabilidade do prefeito, cabe a ele adotar as medidas necessárias para conter o avanço da doença. Quanto à questão dos leitos, levantamento da Secretaria Estadual de Saúde mostra que 87,8% dos pacientes internados em leitos de UTI em Campo Grande são pessoas residentes no próprio município.

Ser justo é divino

Ao finalizar a entrevista, Marquinhos Trad adicionou uma dose de messianismo: “se quiserem jogar a responsabilidade nas minhas costas, pode ter certeza absoluta de uma coisa: eu não fujo de nada. Podem jogar. Deus está comigo. Deus não desampara os justos. E eu estou sendo justo”. Esse senso de justiça do prefeito certamente não deve encontrar eco junto aos familiares e amigos dessas seis pessoas que morreram a espera de vagas de UTI na rede hospitalar.

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