24 de Abril de 2024

Vereador coloca Câmara em situação constrangedora ao propor tour pelo Butantan

Terça-feira, 26 de Janeiro de 2021 - 10:59 | Redação

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Vereador coloca  Câmara em situação constrangedora ao propor tour pelo Butantan

Integrante da Comissão da Câmara Municipal criada para acompanhar a distribuição e aplicação das vacinas contra a Covid-9 em Campo Grande, o vereador adepto da cloroquina Dr. Sandro Benites (Patriotas) colocou a Câmara em situação constrangedora ao propor um tour às instalação do Instituto Butantan, em São Paulo, responsável pela produção da vacina da CoronaVac.

Vereador coloca  Câmara em situação constrangedora ao propor tour pelo Butantan

Ainda não está claro o motivo da visita, que corre o risco de não ocorrer, mas tudo indica que a eventual “inspeção” terá resultado zero, o mesmo efeito placebo do uso da cloroquina e ivermectina no tratamento "preventivo" ao novo coronavírus, profilaxia defendida pelo vereador antes de ser eleito e que incentivou o prefeito Marquinhos Trad a torrar mais de R$ 2,4 milhões do dinheiro público com a compra do medicamento apenas para fazer média com eleitores bolsonaristas – três vezes mais do que gastou com a aquisição de kits para exames da doença.

Na ocasião, Marquinhos Trad aproveitou o embalo para implorar pela ajuda do presidente Jair Bolsonaro no sentido de o governo federal enviar cloroquina para Campo Grande. Ele gravou vídeo nesse sentido ao lado do vereador Sandro Benites. Clique aqui e assista.

Vereador coloca  Câmara em situação constrangedora ao propor tour pelo Butantan

A ideia "original" do vereador Dr. Sandro Benites foi apresentada ontem em reunião com os demais membros da comissão, composta pelos também parlamentares Beto Avelar, Clodoilson Pires, Dr. Jamal e Professor André Luiz. Do encontro participou ainda Dinaci Ranzi, assessora da Secretaria Municipal de Saúde.

Dinheiro jogado no ralo

Essa foi a primeira “reunião técnica” da comissão, que deliberou sobre a visita ao Instituto Butantan, que evidentemente vai ser feita com a utilização de dinheiro do contribuinte. Segundo o site de notícias Campo Grande News, o vereador Dr. Sandro Benites se candidatou a uma das duas vagas no tour logo após ele próprio ter apresentado a proposta.

Ele justifica a viagem dizendo que vai “conhecer onde a vacina está sendo feita, para assim, trazer novas informações para Campo Grande”. É difícil imaginar quais seriam essas informações, ao menos relativas à Covid-19, que o parlamentar esperar obter na visita. No entanto, ele deu uma pista ao anunciar que vai aproveitar a viagem para aprimorar seus conhecimentos.

Na condição de médico responsável pelo Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox) do Hospital Regional, às expensas da Câmara Municipal o vereador Sandro iria discutir também com colegas do Butantan questões relativas a animais peçonhentos.

Cloroquina e ivermectina

Em julho do ano passado, juntamente com outros médicos, Sandro Benites esteve na Câmara Municipal defendendo o uso da cloroquina, ivermectina e outros compostos em processos de prevenção à Covid-19, apesar de a Ciência já ter descartado qualquer eficácia desses medicamentos no tratamento da doença, podendo inclusive agravar o quadro de saúde dos pacientes, provocando até a morte.

Sandro Benites junta-se a vozes anticiência, como o presidente Jair Bolsonaro, ao defender o uso desses fármacos. O evento na Câmara no ano passado foi a senha para que o prefeito Marquinhos Trad, candidato a reeleição, adotasse na Capital o kit-covid, composto por HidroxiCloroquina 400mg ou Cloroquina 250mg, Azitromicina 500mg ou Claritromicina 500mg e ainda a Ivermectina 6mg.

Até agosto do ano passado a prefeitura já havia empenhado R$ 2,4 milhões para adquirir esses medicamentos, que transformados no kit-covid foram distribuídos aos postos e demais unidades de Saúde do município.

"Demonização" dos medicamentos

Na época, Sandro Benites disse que o coquetel foi “demonizado” no Brasil. “Demonizaram uma medicação extremamente segura, usada há mais de 90 anos. Uma medicação barata. Todos os militares que são transferidos para a Amazônia recebem um kit. Não temos notícias de óbitos. Se é uma medicação segura, por que demonizar? O que tem por trás disso? Quando você demoniza uma medicação simples, você cria um medo mórbido do remédio”, destacou.

Anvisa esclarece o vereador

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a hidroxicloroquina é indicada para pessoas com artrite, lúpus, doenças fotossensíveis e malária. A ivermectina, para infecções provocadas por vermes e piolho.

A azitromicina, um antibiótico, tem aval da Anvisa para tratamento de bronquite, pneumonia, sinusite e faringite, bem como de algumas doenças sexualmente transmissíveis. Já o colecalciferol e o sulfato de zinco não passam de suplementos vitamínicos.

É para se protegerem dessas doenças que os militares transferidos para a Amazônia recebem o kit. Para o tratamento ou prevenção à Covid-19, o uso desses medicamentos não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS.

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