28 de Março de 2024

Assédio sexual: renúncia de Marquinhos encorajou mulheres a procurar a polícia

Segunda-feira, 25 de Julho de 2022 - 07:57 | Redação

imagem
Assédio sexual: renúncia de Marquinhos encorajou mulheres a procurar a polícia

A renúncia de Marquinhos Trad ao cargo de prefeito de Campo Grande para disputar o governo do Estado e a sua substituição por Adriane Lopes no comando da prefeitura foram os principais motivos que levaram oito mulheres vítimas de assédio sexual a formalizar denúncia contra o político na delegacia de polícia.

Na manhã desta segunda-feira, em reunião com vereadores de Campo Grande, o titular da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, anunciou a criação de linha de celular exclusiva (67 - 99324-4898) para receber eventuais novas denúncias contra Marquinhos e ainda para atender as vítimas de forma imediata, já que o aparelho estará 24 horas em posse da delegada Maira Pacheco Machado, que preside o inquérito na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM.

Assédio sexual: renúncia de Marquinhos encorajou mulheres a procurar a polícia

Antônio Carlos Videira e o diretor-geral de Polícia Civil, delegado Roberto Gurgel, receberam na manhã de hoje na secretaria os vereadores Professor André, João Cesar Matogrosso, Camila Jara, Marcos Tabosa, Thiago Vargas e Alírio Vilassanti. Eles foram buscar mais informações sobre o inquérito para embasar pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal para apurar as denúncias contra Marquinhos Trad.

Além de estar sendo investigado pelos crimes de assédio sexual, estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e importunação sexual, Marquinhos Trad poderá responder ainda por improbidade administrativa em virtude de supostamente ter mantido relações sexuais no gabinete que ocupava quando prefeito, conforme apontam prints de diálogos dele com uma mulher, pelo WhatsApp, anexados ao inquérito policial.

Assédio sexual: renúncia de Marquinhos encorajou mulheres a procurar a polícia

Fatos notórios

"Se trata de um histórico antigo que ocorria entre quatro paredes, mas que já era de conhecimento de todos", disse o vereador Professor André, ao explicar que caso se confirme o uso do gabinete para encontros sexuais, ficará caracterizado o crime de improbidade, o que poderá resultar na suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito, o que interromperia a sua carreira.

Por sua vez, o vereador Thiago Vargas, que é policial, criticou o fato de a Sejusp ter de vir a público para desmentir que as investigações se tratavam de fake news, conforme foi divulgado por simpatizantes da candidatura de Marquinhos Trad em grupos de WhatsApp e nas redes sociais.

Ao defender que o inquérito seja concluído com a maior celeridade possível, ele destacou: "as mulheres que procuraram a polícia estão sendo pré-julgadas e questionadas sobre o por que de não terem feito a denúncia antes, mas apenas agora, em época de eleição".

Comissão Parlamentar

Paralelamente ao inquérito, a Câmara Municipal poderá investigar Marquinhos Trad por meio de uma CPI, cuja instalação será proposta em requerimento a ser apresentado no dia 2 de agosto, conforme informou o vereador Marcos Tabosa. Segundo ele, seis parlamentares já se comprometeram a assinar o requerimento. São necessárias, no mínimo, 10 assinaturas para que a proposta saia do papel.

Adriane se cala

O silêncio da prefeita Adriane Lopes diante das denúncias é outra questão que chama a atenção dos vereadores, principalmente porque as oito mulheres que decidiram denunciar Trad só o fizeram após ele deixar o cargo e ser substituído por uma mulher no comando da prefeitura.

Ao dizer que é evangelica, participar de cultos e pregações e, sobretudo pelo fato de ser mulher, mãe e prefeita, o silêncio absoluto de Adriane Lopes é encarado com suspeição pelo vereador Marcos Tabosa. "Ela continua andando com o Marquinhos, como se nada gravíssimo estivesse acontecendo", disparou.

Para o titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira, a renúncia de Marquinhos Trad e a sua substituição no cargo de prefeito por Adriane Lopes são fatores que encorajaram as vítimas a denunciar o político. "Não temos dúvida disso. Elas inclusive se sentiram mais protegidas, já que uma mulher assumiu o comando do município", finalizou.

 

SIGA-NOS NO Jornal VoxMS no Google News

VoxMS - Notícia de Verdade