23 de Abril de 2024

Desprezada por Bolsonaro, lista da PGR tem menor concorrência desde 2003

Domingo, 13 de Junho de 2021 - 04:20 | Redação

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Desprezada por Bolsonaro, lista da PGR tem menor concorrência desde 2003

Diante da iminência de que o presidente Jair Bolsonaro volte a ignorá-la, a lista tríplice para procurador-geral da República registrou este ano o menor número de candidatos desde 2003. Desde que os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) passaram a eleger três nomes internamente para apresentar ao chefe do Executivo, essa é a primeira vez em que apenas um trio postula o cargo. No último pleito do órgão visando o posto, em 2019, foram dez concorrentes — recorde absoluto de candidaturas.

De 2003 para cá, os presidentes em exercício sempre mantiveram o compromisso de indicar um dos integrantes da lista tríplice à Procuradoria-Geral da República (PGR). A tradição foi rompida apenas por Bolsonaro, que conduziu Augusto Aras ao cargo em 2019.

Desprezada por Bolsonaro, lista da PGR tem menor concorrência desde 2003

Com seu mandato terminando em 26 de setembro, o atual procurador-geral é apontado como favorito para seguir na função, embora Aras ainda sonhe com uma nomeação ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, em julho.

Apesar de avaliarem as chances como remotas, procuradores têm reforçado a importância dos nomes tutelados pela instituição. Para este ano, os subprocuradores Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino vão compor a relação, que ainda assim será votada no próximo dia 22.

O trio, que já figurou em listas anteriores, conta com respaldo entre seus pares, o que tende a ser confirmado pela eleição interna. A avaliação é que a adesão dos membros do MPF ao processo, mesmo que seja desconsiderado pelo presidente, transmitirá uma mensagem clara de defesa da lista tríplice.

Procuradores não atribuem o baixo número de candidatos este ano a uma desilusão quanto à decisão de Bolsonaro, e afirmam que, com apenas três nomes na disputa, a lista tende a se reforçar ao ter seus representantes bem definidos. Com dez candidatos em 2019, houve uma diluição dos votos internos.

A quantidade de candidaturas variava entre quatro e cinco até 2017, quando sete membros concorreram. Naquele ano, o ex-presidente Michel Temer escolheu a segunda mais votada da relação, a procuradora Raquel Dodge. Em seus mandatos, os petistas Lula e Dilma sempre indicaram o primeiro da lista.

Mais votado na maior eleição interna à lista tríplice em 2019, o subprocurador Mario Bonsaglia volta a concorrer, apesar da frustração na última escolha para a PGR. Para ele, a indicação de alguém alheio às discussões da instituição é prejudicial ao processo democrático, embora ressalve que não haverá boicote à próxima gestão caso isso aconteça novamente.

"O prognóstico de que possa não vir a ser considerada novamente existe. É uma possibilidade vislumbrada claramente. A escolha do PGR por meio da lista tríplice não é uma questão corporativa, é um assunto que interessa a toda a sociedade", afirmou Bonsaglia.

Internamente, prevalece a avaliação de que a escolha do PGR não deve ser feita por afinidades ou articulações em Brasília, sob risco de afetar a independência funcional dos procuradores. Avesso à lista tríplice, Aras foi derrotado na última terça-feira em pleito interno para duas cadeiras no Conselho Superior do MPF.

A categoria elegeu dois subprocuradores críticos ao atual PGR, que viu seus candidatos fracassarem. O resultado expõe sinais de insatisfação com sua gestão, pautada por um perfil discreto sobretudo na área criminal.

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