24 de Abril de 2024

Deputado descarrega arma ao declarar voto a projeto de lei

Terça-feira, 17 de Maio de 2022 - 13:38 | Redação

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Deputado descarrega arma ao declarar voto a projeto de lei

O deputado bolsonarista João Henrique Catan (PL) demonstrou na sessão desta terça-feira (17) na Assembleia Legislativa não ter a mínima noção da importância do cargo que ocupa, incitou a violência e demonstrou a mais  absoluta ignorância a respeito do que vem a ser o comunismo.

Ao votar de forma virtual favoravelmente a um projeto sobre armamento, de sua autoria e do deputado Coronel Davi, ele disparou vários tiros de arma de fogo, o que lhe rendeu puxão de orelhas por parte de vários colegas.

Deputado descarrega arma ao declarar voto a projeto de lei

A sessão desta terça-feira ocorria normalmente até a entrada em pauta de projeto de lei que dispõe sobre o reconhecimento, no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul, do risco da atividade de atirador desportivo integrante de entidades de desporto legalmente constituídas, com a finalidade de contribuir com os interessados em retirar o porte de armas de fogo.

João Henrique estava em um clube de tiros – ou algo parecido – e participava da sessão de forma virtual. Ao ser instado pela Mesa da AL a declarar seu voto, ele disse "senhor presidente, a aprovação desse projeto visa a ajudar a armar o cidadão de bem. O armamento acaba com as invasões ilegais, diminui a criminalidade, prevalecendo o nosso direito de propriedade. Lembrando que o povo armado jamais será escravizado. Esse projeto é um tiro, é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou esse país. Por isso, senhor presidente, uma salva de tiros, uma salva de sim".

Na sequência, fez três disparos contra um alvo no qual estava afixada imagem com o símbolo do comunismo – a foice e o martelo.

Incitação à violência

A atitude irresponsável de Henrique Catan lhe rendeu advertência por parte do presidente da Casa, deputado Paulo Corrêa: “Não pode fazer isso, houve exagero”.

Na sequência, o colega Paulo Duarte foi incisivo: “Pena que o senhor não está aqui presencialmente para participar de um debate. Eu me senti agredido, essa não é a essência do parlamento, isso é estimular a violência. Qual é a lógica? Nunca vi algo assim. Meu repúdio e chega de violência”.

Ainda na recriminação ao comportamento inoportuno do colega, Duarte destacou que “esse parlamento é democrático, a gente vota sim e vota não e isso tem de ser respeitado. Com esse tipo de voto ninguém vai me intimidar aqui”, acrescentou.

Melancia na cabeça

Catan levou também um puxão de orelhas do deputado Pedro Kemp: "Da próxima vez que o senhor quiser aparecer, usa uma melancia na cabeça. Vários assuntos relevantes para debatermos, mas estamos falando sobre armamentos. Assuntos como fome, preconceitos e violência contra a mulher. Armar a população não traz segurança”.

Kemp exigiu que o parlamentar pedisse desculpas ao parlamento pelo “teatro” feito no momento da votação. “Não tenho o menor interesse em facilitar o uso de armas e acho que o deputado João Henrique deveria pedir desculpas por ter feito da sessão da Assembleia um teatrinho para se aparecer”, afirmou.

Ao final da votação, em segunda discussão, o projeto foi aprovado com 16 votos favoráveis e 3 contrários. A matéria segue agora à redação final.

Sem noção

A manifestação de Catan demonstra várias de suas facetas. A primeira delas é que não tem a menor noção sobre o que vem a ser o comunismo. O Brasil foi governado pelo Partido dos Trabalhadores e pelo PSDB – agremiações consideradas "comunistas" pelos bolsonaristas – por mais de 20 anos.

Jamais tentaram ou aventaram a hipótese de implantar o regime comunista no País. Aliás, nem há espaço para isso. Trata-se de narrativa criada pelo presidente Jair Bolsonaro para alavancar seu projeto de poder e que se transformou na base de seus discursos e também nos de seus seguidores.

Ignorância e despreparo

Disparar tiros em rede de televisão – as sessões da ALMS são transmitidas ao vivo e ficam disponíveis nas plataformas e redes sociais – não produz nenhum outro resultado senão o de incitar a violência.

Partindo de um parlamentar que está em uma sessão onde deve prevalecer a argumentação e o diálogo, esse comportamento absurdo demonstra o despreparo de João Catan para o cargo que ocupa.

E mostra mais: o desapego à democracia – graças à qual foi eleito –, já que posições políticas não se resolvem na bala, mas sim com argumentos, os quais devem faltar ao obtuso parlamentar. Caberia, nesse caso, a apuração de eventual quebra de decoro por conta desse comportamento irresponsável.

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