Prefeitura acaba com estacionamento em área nobre invadida

Após protesto de sem-teto contra a leniência da prefeitura com a invasão e uso irregular, como estacionamento, de terreno público localizado no Bairro Miguel Couto, em área nobre da Capital, a prefeita Adriane Lopes não resistiu à pressão e mandou a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Sisep retomarem o espaço.

O estacionamento foi destruído na manhã desta quinta-feira (10) pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep). Uma retroescavadeira foi usada para fazer a limpeza da área, sob escolta da GCM.

Será feita uma escavação no terreno, para que os carros não voltem a estacionar. O responsável pelo estacionamento irregular, dono de uma academia de ginástica nas imediações, será notificado e há a possibilidade de ser aplicada multa.

O terreno usado como estacionamento na área nobre não tem documentação para funcionar como estabelecimento comercial.

Entenda o caso

O protesto no Bairro Miguel Couto na última quarta-feira (9) mobilizou parte dos 55 sem-teto que por duas vezes foram expulsos de terreno da prefeitura na Rua Lagoa Bonita, no bairro Lagoa Park, nos dias 2 e 6 de agosto passado, um domingo.

A área pública havia sido ocupada há cerca de 45 dias, enquanto que o terreno no centro da cidade foi ocupado em março deste ano, sem que a prefeitura tomasse qualquer providência.

O terreno foi transformado em estacionamento por empresário que possui ponto comercial numa galeria construída em frente ao local. A área recebeu cascalho para evitar lama e poeira, e ainda foi cercada com mourões e corda.

A entregadora Leila Pantaleão, uma das 55 pessoas expulsas do terreno no bairro Lagoa Park, reclamou da desigualdade em relação às ocupações.

“Aqui o nobre pode e a favela não pode, é muita injustiça. Vale mais um estacionamento, mais um carro para ele, do que uma moradia para o ser humano”, afirmou ao Campo Grande News.

Escândalo

A área da prefeitura no bairro Miguel Couto ganhou notoriedade ao se transformar em mais um dos muitos escândalos na gestão Marquinhos Trad e Adriane Lopes.

Em março do ano passado, a prefeitura enviou à Câmara Municipal projeto de lei para autorizar a doação da área, com 6,5 mil metros quadrados e avaliada em mais de R$ 10 milhões, à concessionária Ulsan Import Comércio de Veículos ltda, do Grupo Raviera, por meio do Programa de Incentivos para o Desenvolvimento Econômico e Social (Prodes).

Além de poder incorporar a área ao seu patrimônio após 5 anos de uso, nesse período ainda teria a redução de 5% para 2% da alíquota do ISS e redução de 50% no valor do IPTU. A contrapartida seria a construção de sua nova sede com a contratação de mão de obra local, e a geração de míseros 11 novos empregos.