11 de Maio de 2024

Sem-teto protestam contra invasão de terreno em área nobre

Quarta-feira, 09 de Agosto de 2023 - 11:16 | Redação

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Sem-teto protestam contra invasão de terreno em área nobre

Sem-teto despejados pela prefeitura de Campo Grande de área pública no bairro Lagoa Park no último domingo, protestaram na manhã desta quarta-feira (9) por conta do tratamento diferenciado dado pela gestão Adriane Lopes a empresários que desde março ocupam irregularmente terreno localizado em área nobre da Capital.

O movimento mobilizou parte das 55 pessoas que por duas vezes foram expulsas de terreno da prefeitura na Rua Lagoa Bonita, no bairro Lagoa Park, nos dias 2 e 6 de agosto passado, um domingo. A área pública havia sido ocupada há cerca de 45 dias.

Sem-teto protestam contra invasão de terreno em área nobre

Tratamento diferente vem sendo dispensado desde março pela gestão Adriane Lopes aos responsáveis pela invasão de outra área pública, esta localizada na Rua Elvira Coelho Machado, no bairro Miguel Couto, área nobre de Campo Grande.

O terreno foi transformado em estacionamento por empresário que possui ponto comercial numa galeria construída em frente ao local. A área recebeu cascalho para evitar lama e poeira, e ainda foi cercada com mourões e corda.

O responsável pelo estacionamento teria chegado ao local, conforme informaram manifestantes ao site Campo Grande News, e, irritado, teria avisado que voltaria para retirar os "invasores".

Houve bate-boca com as lideranças da ocupação do Lagoa Park, quando então o empresário teria afirmado possuir autorização para utilizar a área para fins comerciais. No entanto, não apresentou qualquer documentação comprovando essa condição.

Pobres e nobres

A entregadora Leila Pantaleão, uma das 55 pessoas expulsas do terreno no bairro Lagoa Park, reclamou da desigualdade em relação às ocupações.

"Aqui o nobre pode e a favela não pode, é muita injustiça. Vale mais um estacionamento, mais um carro para ele, do que uma moradia para o ser humano", afirmou ao Campo Grande News.

Sem-teto protestam contra invasão de terreno em área nobre

GCM mobilizada

Durante o protesto desta terça-feira, homens da Guarda Civil Metropolitana (GCM) estiveram no local. Entretanto, ao contrário do que fizeram no bairro Lagoa Park nos dias 2 e 6 de agosto, quando expulsaram os sem-teto do terreno da prefeitura, desta vez eles permaneceram inertes, apenas acompanhando a movimentação.

Na semana passada, no dia 2 de agosto, questionada sobre a ocupação irregular da área e sua transformação em estacionamento, inclusive recebendo fotos do local, a Assessoria de Comunicação Social da prefeitura informou não ter conhecimento da invasão.

Leniência descarada

"A Semadur informa que a questão da ocupação, bem como de instalações/melhoramentos existentes no local não são de conhecimento da Secretaria. Portanto, considerando a informação de possível ocupação irregular será encaminhada fiscalização no local", informou a assessoria.

Até a manhã desta terça-feira, 9 de agosto, nenhuma providência havia sido tomada e o estacionamento seguia funcionando normalmente.

Sem-teto protestam contra invasão de terreno em área nobre

Escândalo

A área da prefeitura no bairro Miguel Couto ganhou notoriedade ao se transformar em mais um dos muitos escândalos na gestão Marquinhos Trad e Adriane Lopes.

Em março do ano passado, a prefeitura enviou à Câmara Municipal projeto de lei para autorizar a doação da área, com 6,5 mil metros quadrados e avaliada em mais de R$ 10 milhões, à concessionária Ulsan Import Comércio de Veículos ltda, do Grupo Raviera, por meio do Programa de Incentivos para o Desenvolvimento Econômico e Social (Prodes).

Além de poder incorporar a área ao seu patrimônio após 5 anos de uso, nesse período ainda teria a redução de 5% para 2% da alíquota do ISS e redução de 50% no valor do IPTU. A contrapartida seria a construção de sua nova sede com a contratação de mão de obra local, e a geração de míseros 11 novos empregos.

Ao justificar a necessidade da doação, o então prefeito Marquinhpos Trad escreveu em mensagem enviada à Câmara Municipal: "o Projeto de Lei em comento integra um grande esforço desta administração municipal no que se refere ao desenvolvimento econômico, com geração de um número expressivo de empregos, motivo pelo qual solicitamos sua apreciação em regime de urgência".

Doação ainda pode ocorrer

Apesar de o projeto de lei não ter sido aprovado no ano passado porque o prefeito o retirou da pauta, já que seria analisado em época de eleição, a gestão Adriane Lopes segue firme na tentativa de presentear a Ulsan Veículos com esse presente de pai para filho.

De acordo com a assessoria de imprensa do município, "a solicitação da doação da área localizada no Bairro Vila Miguel Couto tramita através do procedimento administrativo, por requisição da empresa Ulsan Import Comércio de Veículos Ltda, tendo até o momento a aprovação somente na fase do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico - Codecon, que gera apenas mera expectativa de direito, sem doação formal de área. Portanto, ainda não há aprovação de Lei Autorizativa na Câmara dos Vereadores e assinatura de Termo de Compromisso com o Município de Campo Grande".

"Atualmente o procedimento administrativo encontra-se na Semadur para a elaboração do laudo de avaliação imobiliária da área", finaliza a nota.

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