17 de Maio de 2024

Caos na Saúde desmente dados positivos da prefeitura

Quarta-feira, 31 de Maio de 2023 - 11:01 | Redação

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Caos na Saúde desmente dados positivos da prefeitura

Ranking publicado pelo Ministério da Saúde no âmbito do Programa Previne Brasil mostra que os avanços na saúde pública em Campo Grande só existem na propaganda oficial da prefeitura.

O que para a prefeita Adriane Lopes foi motivo de comemoração na semana passada, para a população foi apenas a constatação de que o caos na saúde é cada vez maior, realidade enfrentada por milhares de pessoas que perdem parte do dia nas filas em busca de atendimento.

Caos na Saúde desmente dados positivos da prefeitura

A prefeitura publicou em seu portal, na última sexta-feira (26), matéria com o título "Campo Grande tem a melhor saúde básica do Centro-Oeste e está entre as dez mais bem avaliadas do país", mostrando o ranqueamento das capitais no âmbito do Programa Previne Brasil, do Ministério da Saúde.

Na 7ª posição, com 7,01 pontos no Índice Sintético Final (ISF) referente ao 1º quadrimestre de 2023, a publicação sobre a performance de Campo Grande foi comemorada pela prefeita Adriane Lopes.

Caos na Saúde desmente dados positivos da prefeitura

"A saúde é e sempre será prioridade na nossa gestão. Estamos trabalhando para dar a população campo-grandense uma saúde digna e de qualidade. E esse resultado vem coroar todo o trabalho que vem sendo realizado”, disse a chefe do Executivo.

Não é bem assim

Apesar de num primeiro momento o sétimo lugar parecer ser fator positivo, a verdade é que o ranqueamento, analisado em toda a sua extensão, deveria servir de alerta à prefeita Adriane Lopes, e jamais motivo para comemoração.

Analisando o ranking de forma regionalizada, constata-se que entre os 79 municípios de Mato Grosso do Sul, Campo Grande amarga a 62ª colocação no Programa Previne Brasil.

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, os 10 municípios mais bem avaliados são Iguatemi, com 10 pontos – contra 7,01 de Campo Grande –, Bataiporã (9.87), Itaporã (9.86), Brasilândia (9.48), Sete Quedas (9.36), Terenos (9.35), Alcinópolis (9.24), Tacuru (9.12), Costa Rica (8.93) e Jateí (8.85).

Se na comparação com os demais 78 municípios de Mato Grosso do Sul a posição de Campo Grande não é nada animadora, em nível nacional a situação constatada pelo Ministério da Saúde é pior ainda.

A Capital aparece na 4.109ª colocação, o que não parece ser posição suficientemente positiva a ensejar qualquer comemoração quando lembramos que o Brasil possui 5.568 municípios.

Caos na Saúde desmente dados positivos da prefeitura

Centro-Oeste

No Centro-Oeste, de fato a pontuação de Campo Grande, de 7,01,  é a melhor entre as demais capitais, pois Brasília obteve 6,86 pontos, Cuiabá teve 5,25 pontos e Goiâeia apareceu com 4,58 pontos.

No entanto, quando feito recortes analisando-se o desempenho de alguns municípios do Centro-Oeste, mais uma vez constata-se que a situação de Campo Grande é preocupante.

Abadiânia, em Goiás, aparece com 7,10 pontos. No mesmo Estado, Chapadão do Céu aparece com 7,61 pontos e Goianápolis com 9,41.

Já São Félix do Araguaia, em Mato Grosso, aparece com 8,55 pontos, seguido por Sinop, com 7,66, Sorriso, com 8,23 e Lucas do Rio Verde com 7.52 pontos.

Previne Brasil

O Previne Brasil é um programa do Ministério da Saúde que monitora a qualidade dos serviços de atenção primária ofertados aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando o desempenho de cada município para acesso aos recursos de investimento na área.

São sete indicadores de saúde levados em conta e que resultam no relatório do Índice Sintético Final (ISF) do Programa Previne Brasil.

Veja a posição de Campo Grande no ranking estadual no âmbito dessas 7 áreas:

1 – Exames no pré-natal (sífilis e HIV) – 1ª colocação

2 – Acompanhamento de diabéticos (exames de hemoglobina glicada) – 34ª colocação

3 - Imunização infantil (pólio e pentavalente) – 39ª colocação

4 - Acompanhamento de hipertensos (pressão alta aferida) – 49ª colocação

5 – Exame citopatológico para rastrear o câncer do colo do útero – 60ª colocação

6 - Mínimo de 6 consultas no período pré-natal – 64ª colocação

7 - Atenção à saúde bucal da gestante – 68ª colocação

Mais comemoração

Na mesma matéria publicada na semana passada, a prefeita Adriane Lopes comemorou os resultados alcançados nos últimos seis anos com relação à cobertura de Atenção Primária de Saúde.

Campo Grande saiu de 33,27%, em 2017, para 74,73%, em maio deste ano, conforme dados extraídos do sistema e-Gestor, segundo a prefeitura, e disponíveis na plataforma oficial do Ministério da Saúde.

Apesar de a Atenção Básica de Saúde em Campo Grande ser hoje de 74,73%, o índice está ainda bem abaixo de Três Lagoas e Ponta Porã, ambos os municípios com 100% de cobertura, e também de Corumbá (84,79%, Dourados (84,16%), Paranaíba (89,01%) e nova Andradina (87,6%), dentre outros.

Índices discordantes

Ao analisar esses índices no site do Ministério da Saúde, foi possível constatar que estes não coincidem com parte do que foi divulgado pela prefeitura.

AnoPrefeituraMinistério da Saúde
201796 equipes95 equipes
2018131 equipes128 equipes
2019134 equipes125 equipes
2020166 equipes163 equipes
2021177 equipes177 equipes
2022186 equipes186 equipes
2023197 equipes196 equipes (1º trimestre)

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que os dados apresentados foram extraídos do sistema e-Gestor Atenção Básica.

Foi também desse mesmo sistema que o Vox MS retirou os números apresentados na tabela acima e que são em parte diferentes dos que foram publicados no portal do município.

A prefeitura informou ainda que os números podem variar de acordo com o mês consultado, considerando o cadastro no sistema. Todos os números publicados pelo Vox MS foram extraídos de arquivos do mês de dezembro de cada ano pesquisado, com exceção de 2023, cujos dados são de março.

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