20 de Maio de 2024

Dupla que matou menor em lava a jato é condenada por danos morais

Foragidos, responsáveis pela morte de Wesner Moreira terão de pagar R$ 300 mil aos pais da vítima

Terça-feira, 20 de Fevereiro de 2024 - 16:57 | Redação

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Dupla que matou menor em lava a jato é condenada por danos morais
Wesner Moreira, morto aos 17 anos, vítima de "brincadeira" de mau gosto em lava a jato (Reprodução)

A Justiça condenou Thiago Giovani Demarco Sena,26, e Willian Henrique Larrea, 36, responsáveis pela morte de Wesner Moreira da Silva, quando este tinha 17 anos de idade, a pagar indenização no valor de R$ 300 mil aos pais do adolescente.

Wesner faleceu no dia 14 de fevereiro de 2017, após ter o esôfago perfurado em virtude da introdução de mangueira de ar-comprimido em seu ânus, durante uma “brincadeira”, conforme os réus justificaram à polícia o ato de violência que praticaram.

A condenação na esfera cível é mais um duro revés a Thiago Sena e William Larrea, também condenados criminalmente a 12 anos de prisão e considerados foragidos, já que foi decretado que ambos devem se apresentar para que seja iniciado o cumprimento das penas.  

Condenação cível

A sentença de condenação ao pagamento de indenização foi prolatada pelo juiz Giuliano Máximo Martins, da 16ª Vara Cível, em ação ajuizada pelos pais do menor, Marisilva Ferraz da Silva e Valdeci Ferraz da Silva.

Por danos morais, Thiago e William terão de pagar R$ 300 mil ao casal, acrescidos de correção monetária pelo IGP-M/FGV e juros de mora de 1% ao mês, calculados a contar da data em que Wesner Moreira foi submetido à violência que acabou por causar a sua morte.

Thiago e William também foram condenados ainda ao pagamento de pensão vitalícia mensal equivalente a dois terços do salário mínimo aos pais do adolescente, desde a data do óbito, limitado ao ano de 2075, quando Wesner completaria 75 anos de idade.

Sobre o pagamento, que vai retroagir a 14 de fevereiro de 2017, data do óbito, incidirão correção monetária pelo IGP-M/FGV e juros de mora de 1% ao mês. Thiago e William terão ainda de arcar com o pagamento das custas, despesas e honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor da condenação.

A ação de indenização foi ajuizada pelas advogadas Marcela Rasslan e Katarina de Carvalho Figueiredo Aragaki e elo advogado Estevam Brandão Viégas de Freitas.

Relembre o caso

Na manhã de 3 de fevereiro de 2017, por volta das 10h, Wesner se encontrava no lava a jato onde trabalhava há pouco mais de um mês, no Jardim Morumbi, na companhia de Willian Larrea, então com 30 anos, e de Thiago Sena, de 20 anos, dono do estabelecimento.

De acordo com o inquérito policial, em determinado momento Willian teria corrido atrás de Wesner, numa suposta brincadeira, alcançando-o em seguida e imobilizando-o com um abraço.

Na sequência, Willian se dirigiu até o local onde estava Thiago, que por sua vez segurou as pernas do adolescente, que continuava imobilizado pelo cúmplice, e acionou a pistola de ar-comprimido no ânus do garoto, sobre a bermuda que ele usava. A violência só parou quando a vítima gritou que estava sentindo muitas dores e passou a vomitar e a defecar.

Ao perceber que a “brincadeira” havia passado dos limites, Thiago colocou a vítima em seu carro e a levou ao posto de saúde, de onde foi transferida à Santa Casa, pelo SAMU, devido à gravidade de seu estado de saúde. Na manhã de 14 de fevereiro, após ter sido submetido a intervenções cirúrgicas, o adolescente faleceu, por conta da hemorragia provocada pela perfuração do esôfago.

Homicídio doloso – O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, aceitou denúncia do Ministério Público Estadual por homicídio doloso contra Thiago Giovani  e Willian Larrea em fevereiro de 2017.

O magistrado acatou a alegação da promotoria de que os acusados “estavam cientes do potencial ofensivo da mangueira, assumindo o risco de matar, e mesmo cientes do perigo concreto que poderiam causar, inseririam a mangueira no corpo da vítima, expondo órgãos vitais à forte pressão de ar”.

Thiago Demarco e Willian Larrea responderam ao processo em liberdade e foram considerados culpados pelo Tribunal do Júri no dia 30 de março do ano passado. A sentença foi de 12 anos de prisão. Eles deixaram o Fórum de Campo Grande pela porta da frente, porque tinham o direito de recorrer da condenação em liberdade.

No entanto, no dia 12 de dezembro do ano passado, os juízes da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negaram os recursos para a anulação do julgamento. O magistrado que presidiu o júri determinou que os dois fossem presos “diante do trânsito em julgado da sentença condenatória”.

As ordens de prisão foram expedidas na última sexta-feira, dia 16, pelo juiz Carlos Alberto Garcete. Nesta terça-feira (20), a Polícia Civil informou que Thiago e William não se apresentaram até o momento. Por esse motivo, são considerados foragidos.

Dupla que matou menor em lava a jato é condenada por danos morais
No banco dos réus, Thiago Giovanni Demarco Sena e Willian Enrique Larrea (Marcelo Victor/Correio do Estado)

Réus devem se apresentar

Em entrevista ao site Campo Grande News, o advogado de Thiago Sena não informou se o cliente vai se entregar.  "No momento não podemos dar maiores esclarecimentos, pois ainda estamos estudando todas as circunstâncias com o apenado e seus familiares”, disse Wesley Holanda Roriz.

Já o advogado de Willian Enrique, João Carlos Ocáriz informou que a família já foi comunicada da existência do mandado e que a qualquer momento ele se apresenta. “Os referidos jovens sempre se colocaram à disposição da justiça, agora não será diferente”, explicou.

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